Em 1919, foi publicado o primeiro boletim do Instituto de Hygiene, criado no ano anterior como um anexo da Faculdade de Medicina e Cirurgia de São Paulo. A publicação – que trazia um artigo sobre medidas de combate à malária adotadas na Malásia, de autoria do professor norte-americano Samuel Taylor Darling, o primeiro diretor do instituto – era o início de uma forte presença dos pesquisadores ligados à Faculdade de Saúde Pública no campo da comunicação científica.
Publicados ao longo de 27 anos, entre 1919 e 1946, os Boletins do Instituto de Higiene de São Paulo tiveram 88 edições, sendo sua periodicidade marcada pela irregularidade – nos anos de 1925 e 1926 nenhum número foi editado, enquanto na mesma década foram publicados 43 boletins, quase a metade do total, sendo 12 edições em 1928 e 8 em 1929. Os artigos científicos – em geral um por edição – eram assinados pelos principais pesquisadores do campo da saúde pública paulista e nacional da época, a maior parte pesquisadores do próprio instituto. Os quatro números iniciais trazem artigos dos dois primeiros diretores do instituto, respectivamente os professores norte-americanos Samuel Taylor Darling – “Sobre algumas medidas anti-malaricas em Malaya” (boletim nº 1); “Pesquizas recentes - sobre a opilação na Indonésia” (boletim nº 2) – e Wilson George Smillie – “Intoxicação pelo Betanaphtol no tratamento da uncinariose” (boletim nº 3); “O predomínio da Leptospira ictero-hemorrhagica nos ratos de S. Paulo” e “Bacillos semelhantes aos da peste, encontrados nos ratos da cidade de S. Paulo” (Boletim nº 4-5).
Já em 1922, o boletim nº 8 traz o artigo “Questões de hygiene: a febre typhoide em S. Paulo e o seu histórico”, de autoria do médico sanitarista Emílio Ribas, o pesquisador que liderou a erradicação do mosquito da febre amarela no interior de São Paulo e propôs, como diretor do Serviço Sanitário do Estado, a criação do Instituto Butantan, no início do século 20. Entre os autores frequentes dos Boletins destaca-se o professor Geraldo H. de Paula Souza, que assumiu a diretoria do instituto em 1922, no lugar de Smillie. Seu primeiro artigo – “O Estado de São Paulo e alguns de seus serviços de saude publica” – foi publicado no boletim nº 17, em 1923; mais de uma década depois, em 1936, publicou o emblemático “Centro de Saúde ‘Eixo’ da Organização Sanitária” (boletim nº 59).
Apenas uma mulher, Helena Leite e Silva, publicou nos Boletins. Com o professor Lucas de Assumpção, ela é autora do artigo “Variações sazonais de bacteriófagos tífico-paratíficos nas águas dos rios da cidade de São Paulo”, apresentado na edição n. 78, de 1942.
O acervo dos Boletins do Instituto de Higiene, digitalizado pela equipe da Biblioteca: Centro de Informação e Referência em Saúde Pública, está disponível integralmente no Portal de Revista da USP (http://www.revistas.usp.br/bihsp). A ele soma-se o acervo digital dos Arquivos da Faculdade de Higiene e Saúde Pública, que em 1947 sucedeu os Boletins.