A higienização dos costumes
Com o subtítulo Educação escolar e saúde no projeto do Instituto de Hygiene de São Paulo, a obra analisa as estratégias de higienização adotadas pelo poder público com vistas à disciplinarização (ordenação e controle) das populações pobres que viviam na capital paulista entre o final dos anos 1910 e meados da década seguinte. Escrito por Heloísa Helena Pimenta Rocha, doutora em Educação pela Universidade de São Paulo e professora na Faculdade de Educação da Unicamp, o livro examina a presença da Fundação Rockefeller em distintos campos da vida social brasileira, com ênfase na sua atuação no campo da saúde pública e no fomento a instituições de ensino e pesquisa, e do Instituto de Hygiene como o seu lugar institucional.
Amparada em rico acervo da Faculdade de Saúde Pública, que guarda documentos produzidos pelos pesquisadores norte-americanos vinculados à Fundação Rockefeller e seus discípulos brasileiros, a autora reconstrói o trajeto histórico e social que forjou os primeiros momentos da educação sanitária brasileira. Para tanto, ao longo da obra são apresentados os dispositivos discursivos e as práticas biomédicas que sustentaram o modelo de intervenção sanitária que orientou e sustentou o projeto educativo higienista rockefelleriano, a partir da criação do Instituto de Hygiene, em 1918.
A Higienização dos costumes põe em cena todos os atores envolvidos nesse projeto saneador – cientistas, médicos e higienistas –, demonstrando como o modelo de intervenção sanitária gestado pelos rockefellerianos e executado pelo Instituto esquadrinhou os espaços para localizar os alvos de sua ação.
Uma das maiores e mais antigas instituições dos Estados Unidos, a Fundação Rockefeller teve, por várias décadas do século 20, uma forte e sistemática ação internacional em diferentes esferas de interesse público, em todos os continentes, sobretudo nas áreas da saúde, higiene, educação e pesquisa científica. Embora seja, ainda hoje, ativa, tem uma atuação menos abrangente.