Eugenia e história: ciência, educação e regionalidades
Lançado no segundo semestre de 2013, o livro faz um relato rigoroso dos principais trajetos históricos da doutrina eugênica no campo da medicina. Consolidadas no século XIX, à luz dos progressos das ciências positivas, as concepções e práticas da eugenia foram adotadas não apenas por cientistas, como também e entusiasticamente por correntes religiosas, educacionais e políticas, tendo sido abraçadas notadamente pelo regime nazista. A obra demonstra, ainda, como as práticas médicas hierarquizantes, restritivas e crescentemente intervencionistas atuais são herdeiras do ideário eugênico.
A obra é dividida em duas partes e apresenta sólida documentação, que permite ao leitor compreender os caminhos e descaminhos trilhados pela eugenia, ao longo de 40 artigos, escritos por 24 estudiosos do tema. Na primeira, são analisadas a geração e a fundamentação teórico-experimental da doutrina, mapeando os mais importantes centros e autores do mundo que a adotaram. Nessa série introdutória é possível entender também como e porquê, apesar da recusa veemente de parte da comunidade científica internacional, deu-se o enraizamento e difusão das teorias e práticas eugênicas.
A segunda parte, dedicada exclusivamente ao Brasil, demonstra como o quadro socioeconômico nacional de finais do século XIX e primeiras décadas do século XX favoreceu a adesão do ideário eugênico como base da ideologia de “ordem e progresso”. Livre da monarquia, o país recém-republicano era formado por uma população iletrada e sem ofício, que vivia em extrema pobreza e vulnerável a doenças. Embora confundindo-se fortemente com o sanitarismo, o ideário eugênico brasileiro atendia ao ideal de “ordem e progresso” perseguido pela República.
Organizada pelos professores André Mota (FMUSP) e Maria Gabriela S. M. C. Marinho (UFABC), a obra é o sexto volume da Coleção Medicina, Saúde e História da FMUSP.
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