La salud internacional y La Guerra Fría
Com o subtítulo Erradicación de la malaria em México (1956-1971), o livro analisa o processo de erradicação da doença no país sob o contexto da política e da retórica das primeiras décadas da Guerra Fria. A obra – escrita pelo historiador Marcos Cueto, professor titular da Facultad de Salud Pública y Administración da Universidad Peruana Cayetano Heredia – demonstra que o principal esforço dos governos norte-americano e mexicano, ao longo daquele período, era prevenir o surgimento e conter a disseminação do comunismo. Ao mesmo tempo, os Estados Unidos não apenas impuseram um rol diretivo importante à Organização das Nações Unidas (ONU) e às suas agências multilaterais especializadas, notadamente a Organização Mundial da Saúde (OMS), como se empenharam no desenvolvimento de sua própria rede de ajuda bilateral na América Latina, que compreendia o apoio individualizado por país, para controlar as doenças por eles definidas como prioritárias, independentemente de serem os governos da região ditaduras ou não.
A intervenção norte-americana em atividades multilaterais, através da ONU/OMS, e bilaterais, por meio de agências próprias, era considerada essencial para a política de segurança internacional dos EUA, num cenário mundial de incertezas marcado pela disputa com a então União Soviética pela hegemonia global e de perigo de nova guerra. Na década de 1950, a primeira da Guerra Fria, o enfrentamento com os soviéticos estava focado, sobretudo, no campo da primazia científica e tecnológica. Por isso, o governo norte-americano considerava a ajuda técnica internacional um elemento essencial em seu esforço de prevenção do comunismo nos países pobres – a participação e a ajuda dos EUA à América Latina em assuntos técnicos cresceram após a morte de ditador soviético Stalin, em 1953.
Cueto observa que a campanha de erradicação da malária foi parte de um processo de construção do Estado mexicano e de centralização política, um mecanismo que permitiu o incremento da população do país – a medicina e a saúde públicas do México passaram a ser vistas como meios de aumentar o número de habitantes, sobretudo nas zonas rurais. O autor conclui que a história da erradicação da doença demonstra que o investimento mais importante de um país pobre em saúde pública não está na tecnologia médica, mas sim na construção de capacidades humanas que podem responder a uma variedade de situações adversas.
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